Governança Corporativa: Exclusiva para grandes empresas?

Durante muito tempo, empresários — sobretudo de pequena e média empresas — acreditaram que a evolução da governança em suas empresas era um objetivo difícil de ser alcançado. A implementação de processos e procedimentos com vista à longevidade empresarial já não parece, por si só, garantir a evolução organizacional. Esta percepção é amplificada num contexto global de extrema incerteza, em que a tomada de decisão se torna progressivamente mais complexa, frequentemente solitária e, em muitos casos, insatisfatória. Consequentemente, a maturidade na governança corporativa acabou por ser erroneamente vista como um atributo exclusivo das grandes empresas. Primeiramente, é importante compreender o conceito de governança e seus princípios. Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBCG), a governança corporativa é constituída por um conjunto de princípios, normas, estruturas e processos orientados para a geração de valor sustentável para todas as partes interessadas (stakeholders). Os seus princípios são a integridade, a responsabilização, a sustentabilidade, a transparência e a equidade. É crucial destacar que governança não se resume à mera criação de conselhos, como, por exemplo, conselho de administração, contudo, por vezes, é a criação de conselhos vista como algo distante para as empresas de pequeno e médio porte. E será nesta percepção, que foco neste artigo.
Como observado, o cerne da governança é a geração de valor de forma sustentável — um objetivo para qualquer empresa. Assim, buscar a maturidade na governança torna-se um elemento crucial para a sua perenidade e sucesso. A relevância está na governança corporativa buscar, acima de tudo, melhorar a qualidade do processo decisório. Neste contexto, uma alternativa inovadora para fomentar e promover a governança corporativa é a constituição de um Conselho Consultivo. Esta estrutura tem como função primordial aconselhar a gestão, propondo recomendações estratégicas, análise de cenários interno e externo, identificando oportunidades e riscos emergentes, e partilhando conhecimento e experiências valiosas. Trata-se de um mecanismo flexível e adaptável, que oferece os benefícios de uma governança robusta sem a complexidade formal de um conselho de administração, sendo, portanto, particularmente adequado para empresas em crescimento. Portanto, longe de ser uma prática restrita ao universo das grandes empresas, a busca por uma governança eficiente é estratégica para organizações de todos os portes. A criação de conselhos consultivos emerge não como uma tendência, mas como uma realidade tangível e acessível para pequenas e médias empresas que almejam ampliar suas perspectivas, mitigar riscos e consolidar sua competitividade. Algo visionário, transformando a governança de um conceito teórico distante em uma ferramenta prática e poderosa para navegar na complexidade do mercado e assegurar um crescimento sustentável.

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